sábado, 4 de julho de 2015

A história da Gabi: A passagem dos animais pela Terra.

Algumas histórias (ou estórias para quem preferir) já foram contatadas aqui por amigos do blog. Sempre nos emocionamos e confirmamos os laços de amor que existem entre humanos e não humanos.

"Hoje, gostaria de contar a história da Gabi. Na verdade, não irei detalhar sua vida, mas quão importante ela foi e sempre será em minha vida.


Dividimos bons momentos por quase quatro anos. No dia 25 de dezembro de 2013, seu corpinho não suportou a sobrecarga de um câncer diagnosticado há um ano. Ela deu mais um passo em sua evolução. E que alegria foi tê-la por perto e ter, de alguma maneira, auxiliado nesse processo (certamente ela me auxiliou muito mais).

Recebo muitas mensagens de pessoas relatando o sofrimento que é “perder” entes queridos – “entes queridos” são humanos e não humanos; não entendo a dificuldade de alguns em relação a isso. Digo que os laços de amor são eternos e que devemos nos alegrar, pois fizemos parte da suas vidas, compartilhamos momentos, ajudamos e fomos – imensamente – ajudados.

Aí está o sentido da vida: compartilhar o amor. E é tudo isso que fazemos quando temos a oportunidade de nos alegrar com aqueles olhos ao chegarmos em casa, a “risadinha” (a Gabi fazia) quando falamos em tom agudo com eles, o carinho inesperado de uma patinha roçando o seu peito em busca de carinho, a companhia em dias que apenas queremos a compreensão de um olhar…
 
A Gabi já era considerada uma paciente terminal. E isso é muito difícil de aceitar. Infelizmente, a morte (corpo físico) ainda é sinônimo de desespero. E isso só faz mal para quem vai e para quem fica. Chico Xavier dizia que a saudade é uma dor que dói nos dois mundos. Muitos são os relatos dos efeitos negativos que a tristeza de quem fica atrapalha na caminhada de quem vai.

Chore o quanto for preciso, mas pare o mais rápido que conseguir. Não sabemos com toda a certeza os efeitos da nossa tristeza sobre os nossos amiguinhos quando desencarnam. Entretanto, posso afirmar que bem nunca farão.

Eu realmente acredito que entre nós e os que amamos existe um laço eterno, como se fosse um grande tubo de luz, ligando-nos uns aos outros. Por meio dele, temos muitas percepções sobre os outros, sentimos o que eles sentem, passamos nossa energia para eles. Assim, se você emana boas energias, isso vai ser passado adiante. Se emana más energias, da mesma forma acontecerá.

Por isso, amar, mais do que chorar a despedida, é se recuperar, deixar o egoísmo de lado, entender que a vida aqui é uma passagem, que a vida continua para todos nós.

Muitos me perguntam se eles esquecem de nós quando desencarnam. Eu pergunto: você esqueceria? Não!

De novo, a morte é uma passagem. No mundo espiritual, somos os mesmos. Não existe mudança de personalidade, de vontade, de pensamento, de emoção de uma hora para outra. 

Claro, a percepção é aumentada nessa situação. Imagine, por exemplo, para aquele humano que desencarna e, não acreditando em vida após a morte, se depara com um mundo novo…a percepção mais clara do que a vida realmente é auxilia no processo geral de evolução, mas não muda ninguém. Um viciado em cigarros, continuará sendo viciado depois da morte física.

Um cão, por exemplo, não se esquecerá de seu dono – que não é dono, e sim  amigo, tutor, ente querido, amado –  porque não vive mais no corpo físico.


Acontece com eles da mesma forma que acontece conosco. Existe um complexo processo para que a caminhada rumo à evolução continue. Eles reencarnam como nós e, nesse processo, as memórias de vidas passadas ficam adormecidas. Adormecidas não significam esquecidas. Por isso, a ligação entre nós e eles é eterna. Uma vez que compartilhamos o amor, ele será compartilhado eternamente, mesmo que a distância física exista.

 
A Gabi viveu cerca de quatro vezes mais do que o esperado. Ela viveria mais três meses depois do câncer diagnosticado. Ela viveu por quase um ano. E posso dizer que foi uma vida boa. Ela corria, brincava, dava risadinha, subia na mesa, pedia pra dormir na cama de madrugada…fazia todas a coisas fofas que eles fazem e um pouco mais.
 
De três semanas até ontem (25/12/13) ela piorou, ficava mais quietinha, mas ainda balançando o rabinho, acordando feliz da vida para fazer o primeiro xixi do dia, pedindo e dando carinho. 
 
As crises cardio-respiratórias aumentaram , até que ela não suportou e se foi.
Nesse dia, o veterinário sugeriu colocá-la em um baia na ala de internação da clínica (ou seja, eu não teria acesso) para que ela pudesse ficar mais confortável recebendo oxigênio. Vi o veterinário com aquele ser frágil e pequeno nas mãos descendo as escadas…Foi a última vez que a vi, pelo menos em corpo físico.
“(…) ela deitou, apoiou a cabeça no piso da baia (…) tentamos entubá-la (...) mas a perdemos”, ele me disse às 16h15 pelo telefone. Chorei, chorei muito…o turbilhão de coisas que passa na nossa cabeça nesses momentos é indescritível.
Fiz questão de ir à clínica e ver o corpinho dela. Não sabia se ela estava ainda lá – existem relatos de animais que permanecem perto depois do desencarne –, mas sabia que se ela estivesse ali, eu daria meu apoio e, pelo menos, pediria auxílio aos amparadores dos animais.

O corpinho dela estava lá. Eu não pude senti-la. Ela já tinha sido amparada.

À noite, quando deitei na cama, fechei os olhos e ainda muitas lágrimas caíram, mas fui me acalmando. Aos poucos, uma cena foi se formando em minha mente, uma mulher com feição tranquila, aparentemente com seus 30 anos, cabelos pretos e longos cuidando da Gabi na hora do desencarne. A Gabi, ainda deitada e dormindo, flutuava sobre seu corpinho, recebendo energia clara e sutil.

Meu coração se acalmou, ela foi amparada. Eu sei que todo o amor que tenho por ela auxiliou nesse processo de alguma maneira. E se a tristeza tomou conta de mim por algumas vezes, agora ela já se foi, com a certeza de que meu amor é muito maior.
 
Se eu pudesse deixar um recado, depois de ter tido o prazer de compartilhar a vida com essa pequena menina, seria o seguinte: amemos imensamente, isso trará a cura e o conforto que precisamos. No momento em que entendermos que a vida sempre continua e que cada ser tem seu propósito, que compartilhamos e que não somos donos de alguém, amaremos verdadeiramente. Todo o resto é a ilusão do que é o amor.

Fernanda"

Fonte: http://animaiseoespiritismo.blogspot.com.br/2013/12/ame-imensamente.html


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