sexta-feira, 5 de abril de 2013

Cães e gatos podem estranhar mudanças de ambientes; saiba o que fazer


Ana e Verônica precisaram criar estratégias para que os animais se adaptassem ao novo ambiente. (Foto: Bernardo Dantas/DP/D.A Press)
Mudar-se para uma casa nova é sempre complicado. Se integrar a um novo lar pode ser um desafio para qualquer família, mas a situação se agrava quando há um animal doméstico envolvido na mudança. Os problemas de adaptação podem levar os bichinhos a rejeitarem o local novo ou a desaprender velhos hábitos ensinados pelos tutores. Ter paciência e cuidado é essencial para que a transição ocorra de forma mais tranquila para os animais.
Raquel Quirino, do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal (DFMA) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), explica que a adaptação pode ser complicada para gatos e cachorros. “Com gatos, depende muito da personalidade deles. Se o seu gato for um daqueles que se escondem quando chega uma pessoa estranha na casa, vai ser mais difícil”. Ela conta que é da natureza do animal ser bastante territorialista e, por isso, ter dificuldades a se adaptar a novos lugares. “Já com o cachorro pode ser mais fácil, já que o animal é mais ligado às pessoas do que ao local”. Se a família se mudar junto e a nova casa não for muito diferente da anterior, para os cães a mudança pode ocorrer sem muito stress.
Para aliviar a dificuldade dos felinos que não conseguem se adaptar a ambientes estranhos, uma dica é levar objetos familiares ao animal para a nova casa. “Um lugar novo representa uma ameaça ao animal, portanto eles ficam mais ariscos, agressivos. Trazer um cheiro que o gato já conheça ajuda na adaptação”, ressalta a professora da UFRPE. É preciso ficar de olho nos gatinhos, que podem perder o apetite por conta da agonia da mudança. Evitar grande movimentação de pessoas novas na casa e liberar os espaços da casa para o gato gradualmente, ir fazendo o reconhecimento de um cômodo por vez, pode ajudar a fazer o animal a se sentir menos nervoso. “Temos que lembrar que os animais podem ter o ímpeto de fugir, de voltar pra o lugar anterior, então colocar telas de proteção no lar novo pode evitar que isso aconteça”.
Já os cachorros podem perder suas referências anteriores e precisam de tempo para reconhecer o espaço. Se o ambiente for muito diferente do anterior – de uma casa com grande quintal para um apartamento pequeno e fechado, por exemplo – o animal pode sofrer. “Se o cão é acostumado a ter uma área grande e livre, vai ser difícil se mudar pra um lugar pequeno. O tutor precisa se comprometer a sair pra passear com ele diversas vezes por dias. Se isso não acontecer, o animal pode passar a focalizar sua energia para danificar, destruir coisas e fazer sujeira, por exemplo. Sua personalidade também pode mudar nesses casos”, afirma Raquel Quirino. Velhos hábitos também podem ser esquecidos com a mudança. “Para cães, é preciso um processo de reeducação do local do sono e de suas necessidades. Para os gatos essa parte pode ser mais simples, se ele for, por exemplo, acostumado a utilizar a caixa de areia. Daí é só levá-la ao novo local”.
Ana Melo, moradora do Recife, passou por um desses casos dificultosos. “Eu tinha um gato e minha companheira uma cadelinha. Decidimos morar juntas e eu fui com meu gato para a casa delas. No início foi bem complicado, ele não encontrava lugar, pois o território era completamente dominado pela cadela. Aos poucos fomos respeitando o espaço que ele encontrou… a área de serviço”. Já que o gato se sentia ameaçado em transitar pela casa, ela conta que evitava deixar muitos objetos no quarto e na área de serviço, para que ele se sentisse mais a vontade.
Depois, ao se mudarem para um novo apartamento, Ana e Verônica Ferreora, já familiarizadas com a dificuldade de adaptação, utilizaram uma técnica para reduzir essa separação de território. “Levamos o gato primeiro ao apartamento e a cadelinha depois. Assim ele iria conhecer o lugar, demarcar e se sentir mais seguro. Deu certo! Hoje tanto o gato quando a cadelinha circulam bem no ambiente e dividem o mesmo espaço, mas cada um ainda tem seus lugares preferidos que o outro não chega muito perto”. Quando questionada sobre uma fórmula que pode ajudar a mudança ser menos problemática, Ana sintetiza as dicas que deram certo para ela. “Com a gente funcionou tentar entender a personalidade de cada um dos animais e tentar respeitar dentro das possibilidades do imóvel, do ambiente e também da disposição dos tutores”.

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