quarta-feira, 18 de setembro de 2019

A doença do carrapato - babesiose: experiência de uma tutora leiga e curiosa



Eu que nunca tinha tido contato com a Babesiose, fui surpreendida com meus 3 cães acometidos por essa maldita doença. Então, resolvi contar um pouco dessa história aqui, para servir de alerta para outros tutores que, assim como eu, não conhecem nada sobre Babesia. Uma doença causada pela picada do carrapato, que transporta o protozoário para a corrente sanguínea do cão e pode potencializar doenças osteomusculares, renais, hepáticas e até levar a óbito.

Pensei em colocar tópicos científicos, mas vou só escrever a experiência de uma tutora leiga, mas muito chata, desconfiada e questionadora, para ajudar de fato outras pessoas e seus filhos peludos.

Contando sobre o caso do Flash - mais ou menos 15 anos, falecido em 03/09/19 por complicações inespecíficas.
Tudo começou numa noite em que meu cachorro mais idoso começou a espirrar sangue. Nunca tinha passado por aquilo e foi desesperador! Levei-o imediatamente a uma clínica 24 horas. Infelizmente, a plantonista não soube conduzir a situação, examinou, fez RX do pulmão e nos mandou para casa sem nenhum tipo de medicação para parar o sangramento. Ela até sugeriu de que poderia ser uma das doenças do carrapato, erlichia ou babesia, mas que seria necessário exame de sangue para comprovar e naquele momento não havia o que fazer. Perguntei sobre colocar gelo, sobre alguma medicação; nada! ela foi categórica em dizer: "não tem o que fazer agora." Na manhã seguinte fomos a outra clínica, onde aplicaram uma injeção de vitamina K, que fez cessar o sangramento.

Fez todos os exames necessários e foi diagnosticado com a erliquiose. Começamos o tratamento tradicional, com doxiciclina. Uma semana após o início deste tratamento e ele só piorava. Resolvi voltar na primeira clínica que, apesar da plantonista que nos atendeu, os outros veterinários eram de confiança. Refizeram todos os exames e incluíram o PCR para erlichia e babesia. Ele estava com 5 vezes o valor de referência para babesia!

Infelizmente, vários sintomas vinham se apresentando antes, mas nós não sabíamos que era essa maldita doença. Recebeu o tratamento de protocolo para babesiose, o Imizol, uma medicação tão forte quanto uma quimioterapia, debilitando tanto o animal (principalmente o animal idoso) quanto a própria doença.

Já vinha sendo tratado há 3 meses para problema de coluna, que ele realmente tinha, mas que se potencializou por causa da babesiose. Ele andava cambaleando dentro de casa e isso era atribuído à coluna, mas NÃO era! Era a doença avançando e desestabilizando todo seu organismo. Fez acupuntura, usou homeopatia, usou suplementos, usou injeções de corticoide, anti-inflamatório, mas nada resolvia. Até que em 13 de agosto ele teve uma crise aguda de dor de coluna, uma espécie de torsão onde sua cabeça ficou para um lado e o corpo para outro; fez xixi e cocô na mesma hora, tamanha a dor. Corri com ele para a clínica, onde começou sua série de internações. Nas primeiras 48 horas teve que ficar sob efeito de medicações fortíssimas, que incluíam morfina, lidocaína e outros, pois não tinha como ficar acordado de tanta dor. Ficou uma semana internado, sob medicações analgésicas. Ficou com paresia em um dos lados do corpo, ou seja, caminhava com desequilíbrio, sem força nas perninhas do lado direito. Foi para casa no domingo com medicações via oral, mas não deu certo, pois vomitava; retornou para internação na segunda. Mais uma semana internado. Saiu de lá conseguindo usar a medicação oral e com todas as orientações necessárias para ficar bem em casa. E nós? Cheios de esperança! Arrumamos um "cafofinho" para ele, pois tinha que ficar em espaço mínimo para recuperar sua coluna onde provavelmente havia uma hérnia de disco.

Chegamos à conclusão de que tudo poderia já estar ali instalado, mas que a babesiose realmente potencializou as enfermidades. E é este o alerta que quero deixar. Se seu animal tem algum problema de saúde, se ele está apático, se estiver cambaleante, se tiver algum tipo de sangramento, se houver alteração em rins e fígado, se não estiver bebendo água, se não quiser comer, se não quiser passear; fique ATENTO! Pode não ser, mas pode ser babesiose sim! Ela confunde os tutores e os veterinários, pois se não for feito o exame PCR, dificilmente pode ser detectada com segurança. O problema é que, às vezes, a descoberta pode chegar um pouco tarde.

Seguimos à risca cada cuidado, cada medicação, cada suplemento, cada exame a ser refeito. Tudo. Fizemos além do TUDO. Mas ainda havia uma surpresa negativa: seu intestino não tinha mais a motilidade adequada, pois provavelmente a medula não levava as informações do cérebro para alguns órgãos que no caso dele era o intestino. Iniciamos toda sorte de medicamentos para solucionar mais este problema, porque para nós era absurdo que o intestino fosse ser o seu maior problema no final, depois de tantas coisas ruins que passou. Pois foi o intestino que o levou à eutanásia, tamanho seu sofrimento por não conseguir evacuar, mesmo com todas as medicações.

Além dele, nossas outras duas cachorras tiveram a mesma doença e cada uma apresentou sintomas diferentes. Uma começou a ter tipo uns desequilíbrios, como se fosse "apagar", alterações renais e hepáticas importantes. Começou a usar Gardenal para convulsão, já que teve uma em determinada manhã. A outra parou de beber água, ficou quieta e teve alterações renais. As duas seguem em observação, acompanhamento veterinário e tratamentos individualizados.

Reitero que não é um relato científico, mas um relato de quem experienciou uma situação fora de tudo o que já tínhamos passado e que pode ajudar mais alguém. A dica é: pesquise, questione, duvide, compare exames e duvide de novo! Se você ama seu filho de patas, não se descuide.

Ah! Esqueci de dizer! Todos nossos cães eram "protegidos" com a pipeta Vectra 3D, já que foi-nos desaconselhado usar Bravecto devida à idade deles.
Ah2! Nessas idas e vindas à clínica, conhecemos várias pessoas com seus cãezinhos com a babesiose, e a proteção de alguns era com Bravecto, outros com coleiras repelentes e outros com pipetas. Ou seja, essa doença é uma verdadeira praga para quem tem cães.

Espero ter ajudado pelo menos uma pessoa, pelo menos um peludo.





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